A posição foi defendida no durante a palestra de abertura do II Seminário de Ciências da Linguagem da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane (FLCS), que teve lugar entre os dias 9 e 10 de Agosto corrente, sob o lema “Línguas e conhecimento cientifico: desafios para além do ensino de línguas”.
Na sua explanação, Armindo Ngunga reconheceu a grandeza dos desafios do ensino bilingue em Moçambique, partindo do acesso à formação pelos professores para lecionação em línguas locais.
Os desafios do ensino bilingue em Moçambique são vários, desde o acesso, a assimilação, aquisição do manual escolar, a formação de professores para o efeito e a gestão escolar, são alguns dos problemas que se colocam a este processo. Moçambique é um mosaico linguístico onde cerca de noventa por cento da população não fala português quando inicia o primeiro ano de educação formal, e o processo se torna ainda complexo porque a descodificação de alguns conceitos senão todos é feita na língua oficial e não materna.
Por seu turno, o Professor Doutor Alberto Cupane, que também falou durante a palestra de abertura do Seminário, defendeu que a língua esteve sempre vinculada a nós desde o nosso surgimento como seres humanos, por isso, propõe um modelo cultural para a educação multi-ciência no século XXI, antecedido de uma radiografia do ensino desde o tempo colonial até aos dias de hoje. Também, mostrou-se preocupado com a chamada inclusão das línguas autóctones no ensino, alegando que este modelo visa essencialmente mostrar a comunidade de que forma se pode alcançar este feito.
No discurso de abertura do Seminário, o Director da FLCS, Prof. Doutor Samuel Quive, reconheceu a relevância do lema escolhido, tendo em conta o contexto de uso das línguas na academia, bem como, o trabalho que tem sido desenvolvido pelos investigadores da área.
Reconheço em primeiro lugar os enormes trabalhos de investigação que os meus colegas têm realizado na área das línguas, é graças a estes trabalhos que celebramos nos nossos dias, o dia da língua portuguesa, assim como as demais linguais locais no nosso País. As línguas são importantes para todos nós, pois são elas que movimentam estudantes, professores e todos os intervenientes no processo de ensino e aprendizagem, sem elas não teríamos como nos comunicar.
O segundo dia do seminário foi reservado aos debates virtuais entre docentes, investigadores e estudantes dos cursos de línguas. Foram ao todo oito mesas virtuais que permitiram albergar mais de 20 comunicações online sem sobressalto, que discutiram temas relacionados ao desenvolvimento da ciência em línguas autóctones, formação de formadores e professores de ciências e matemática, bem como, a produção de materiais didáticos e científicos sensíveis a diversidade e diferença linguístico-cultural, a equidade do género e outras formas de inclusão.
O Seminário contou com a participação dos docentes do Departamento de Línguas, investigadores, estudantes da FLCS, entre outros.
Vale referir que o seminário decorre pela segunda vez desde a sua criação e pela primeira no modelo híbrido.