A Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane (FLCS) foi palco, na passada sexta-feira (02/09), de um webinar alusivo ao Dia Internacional da UNESCO sobre a Abolição da Escravatura e do Comércio de Escravos – 28 de Agosto, que juntou investigadores da FLCS e de instituições de pesquisa sobre a escravatura das Maurícias.
O webinar, sob moderação da Profa. Doutora Benigna Zimba, contou com a presença do Director-Adjunto para Investigação e Extensão na FLCS, Prof. Doutor Elísio Jossias, em representação do Director da FLCS, da Representante da UNESCO em Moçambique Doutora Ofélia da Silva, do Embaixador das Maurícias em Moçambique, e virtualmente o Director do International Slavery Museum (ISM) Mauritius Dr. Jimmy Harmon e Steephan Karghoo do Nelson Mandela Centre for African CultureTrust Fund, Mauritius, os Arqueólogos Cézar Mahumane e Celso Simbine.
Para a representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, Doutora Ofélia da Silva, ainda é crucial o debate em torno da temática da escravatura, pois “parece desnecessário, mas é no meio deste novo cenário que surge a necessidade de debater a escravatura moderna. Há cada vez mais novas formas de obrigar as pessoas a fazer certas coisas contra sua vontade, é notório ver crianças em idade escolar a vender nas ruas atrás do pão para suas famílias, mas não é por livre e espontânea vontade que o fazem”.
Por seu turno o Embaixador das Maurícias em Moçambique, Mr J. H. Lamvohee, assume a relevância do combate a este mal disfarçado. “Hoje em dia a luta pela escravatura deve ser a dobrar por causa das novas formas que ela assume. Muitos são escravizados sem se quer notar porque, geralmente, no meio desse processo há dinheiro envolvido, o que torna fácil levar as pessoas a realizar determinada tarefa que seja do interesse de quem escraviza”, disse.
Este evento trouxe as diferentes perspectivas de análise sobre as inferências directas e indirectas da escravidão em África, com maior particularidade para Moçambique, desde os primórdios até os tempos atuais. Nesse contexto, foram convidados a reflectir em torno deste fenómeno, académicos, estudantes, pesquisadores independentes, educadores e historiadores numa dimensão histórica de carácter interdisciplinar.
Os organizadores da conferência disponibilizaram-se a receber propostas de trabalhos científicos que analisem as formas da instituição da escravidão, como ela é lembrada, pesquisada, ensinada e publicamente apresentada. Académicos, estudantes de graduação, pesquisadores independentes, educadores e historiadores locais pesquisando sobre Moçambique, particularmente, e sobre a história africana, em geral são convidados à apresentar os seus projectos realizados ou em andamento.
Durante o webinar, foi apresentado o livro Intercontinental Slavery Museum: Public Consultation Process pelo Director do Centro Cultural Nelson Mandela, e pelo Director do Museu Intercontinental da Escravatura, ambos das Maurícias.